9 de dezembro de 2010

Ei, você é feliz?

Sabe-se da felicidade na ausência dela. E quem é feliz? Ninguém. Felicidade é estar, não é ser. O que faz a felicidade ser feliz é a intensa insatisfação que a tristeza nos dá. É a tristeza quem nos faz feliz. Pois quando a deixo é que conheço a felicidade. Não sou triste nem feliz. Sou o que momento me der, o que a vida permitir, o que me deixarem ser. Logo, não sou, estou.

Estou aqui, refletindo o vago na profundidade do duvidoso. Mas tudo é certo, menos a certeza. Então você diria: “não devia falar assim da vida!” – e lhe responderia: “é a vida quem diz”. Mas tenho comigo um tanto de felicidade que carrego no bolso pequeno da calça. Uso-a todos os dias. E nunca acaba, apesar de não tão imensa. É a graça de ser grato.

Sim, olhar para tudo e no vazio da necessidade ver o existente. É como colocar preço em relíquias. Ser grato. Pelo pouco, pelo pequeno, pelo básico, pelo viver. E nestes instantes pensantes o divino sopra no ouvido sua criptografia celeste. E tão acostumado já entendo: “Ei, você é feliz!”. Sim, sou!

20 de novembro de 2010

Autógrafos

Tá aqui no Aurélio: escrita ou assinatura do próprio autor. O autógrafo é um bem precioso para um fã. Falo isso pois recemente o pastor em nossa congregação brincou dizendo "O Hudson não gosta de dar autógrafos!", em uma de suas preleções. E é verdade.

É comum alguém chegar e pedir a mim para assinar o Cd que o nosso grupo produziu (eu apenas interpretei as canções). Me sinto honrado em representar nossa igreja e todos que trabalharam nesse projeto. Mas o desconforto em autografar é porque eu não fiz isso sozinho, não sou o autor da obra.

Exagera quem diaboliza aqueles que dão autógrafos sobre algum trabalho seu. Não há nada de errado em assinar sua própria obra. Eu mesmo, criatura de Deus, trago em mim o seu autógrafo. O sangue do cordeiro, derramado sobre mim, para minha remissão é a maior prova dos direitos autorais daquele que me criou e me amou.

A coisa só complica quando artistas cristãos assinam o autógrafo da soberba. Acreditam estar superiores aos demais e se sentem melhor que todos. Até ai tudo se conserta com um toque de humildade de Deus (lembra de Nabucodonosor, Jonas e Saul?). Mas tudo fica mais difícil quando nós elegemos os heróis. Depositamos nossas expectivas em pessoas talentosas e rejeitamos o criador dos talentos. A simples posição de fã pode levar-nos a legítimos idólatras.

Por fim, vamos estabelecer parcerias. Eu deixo você ser meu fã, desde de que eu também possa ser um fã seu. E sobre os autógrafos, fico com o conselho do meu pastor, "não é autógrafo Hudson, é só uma dedicatória...".

Internete e eu

Não tenho um Tuíter. Cancelei o meu Orcute. Evito o róti-meiou. Uso o pouco o meu ê-meiou. O meu blogue é raramente atualizado. No Iú tube não posso ver vídeos, minha banda larga é meio curta. E tudo isso me faz tão bem.

Gosto de grupos de amigos e não de salas de bate papo. Gosto de viver momentos intensos mas não ligo para as melhores imagens do picaza uebe. Me sinto bem criando algo e acho chato esperar donloudes.

Essa internete não me completa. Ela não tem nada.

Preciso divulgar esse meu pensamento, mas, onde?

Bendita internet, em você eu tenho voz...

21 de outubro de 2010

O Pródigo que sou

Quem pode gabar-se e sobrepor-se ao pródigo filho na parábola bíblica? Este pediu ao seu pai sua parte na herança e lançou-se ao desperdício. Gastou todo o dinheiro em uma vida de pecado. Quando chegou a fome o jovem não teve como saciar a sua necessidade mais fundamental. Caindo em si, lembrou-se de seu pai, e decidiu pedir para trabalhar com os outros servos. Seu pai o aceitou e festejou sua volta e o fez estar como filho, não como servo.

Na narrativa segundo escreveu Lucas no capítulo 15 a partir do verso 11, o filho é descrito como imaturo, irresponsável, insensível e inconseqüente. Abriu mão do melhor para experimentar o novo, o desconhecido. E nós também somos assim. Nós que conhecemos o Pai, que sabemos o quão confortável são seus ombros, que provamos dos sabores caseiros de sua mesa, que descansamos nos cômodos silenciosos de sua morada, que já habitamos à sombra de suas asas e sob os seus cuidados. Nós também somos pródigos. Mas como?

Quanto tempo desperdiçado de nossas curtas vidas com pecados tão demorados. Quanto tempo empenhado para vícios secretos que arruínam nossos dias. Quantas armas que poderiam ser úteis e as tornamos brinquedos de nossos deleites. E as pessoas que nos relacionamos que poderiam conhecer o Pai através de nós, mas só os fazemos conhecidos dos nossos pecados e desejos iníquos.

Que o Espírito nos faça cair em si e lembrar que na casa do Pai existem trabalhadores melhores que nós. Que Ele nos faça entender que não se pode voltar à Casa do Pai exigindo direitos de filho. Todos os nossos direitos foram desperdiçados. Mas se voltamos, como servos, arrependidos, humilhados e famintos o Pai irá nos restaurar.

Ao observar a vida do irmão do pródigo na parábola - aquele que reclamou com o Pai sobre o fato de nunca ter sido festejado por sua fiel presença - duas coisas ficam claras. A primeira é que este fiel filho era realmente fiel. Ser um filho como este, que não tem coragem de deixar a presença do Pai em busca do nada é ser vencedor. Mas a segunda coisa que este filho me revela consegue inquietar-me. O fato deste irmão não se alegrar com a volta do irmão e questionar seu pai sobre sua própria festa, revela o coração inseguro, vulnerável e propenso deste filho vindo a ser mais um pródigo da cada do Pai. Contudo acredito que o filho pródigo, ao voltar a sua casa, numa tarde de domingo, tomando café na varanda, conversando sobre a vida com seu irmão fiel, certamente o dirá: “Quer um conselho meu irmão? Já fui em vários lugares e provei muitos prazeres, mas nenhum prazer se compara em estar aqui com você e com nosso Pai”. Logo o coração fiel será envolto de certeza e seu ânimo renovado.

Hudson Almeida, que sabe o que é desperdiçar, mas quer investir naquilo que trará bons frutos.

13 de outubro de 2010

Criança é uma Graça

Criança é uma graça. Um dia desses, fui levar o filho do meu patrão, de dez anos, à escola. Aproveitei que o dia estava ensolarado e pus o óculos escuro que ganhei de presente de um amigo gaúcho. O óculos é bonito, armação pesada, de uma grife famosa (Não, não vou falar o nome). Eu estava, digamos, me sentindo. Quando páro em frente a casa do moleque, a primeira coisa que ele me pegunta ao entrar no carro é: "Hudson" ele olhou pros meus óculos e mandou "você está com conjitivite?". Ei danei a rir. Ele ficou confuso. Eu prefiri não explicar.

Outra vez aconteceu em casa com minha irmã de seis anos. Estava me arrumando para ir ao culto naquele domingo. Aproveitei que estava frio e vesti o paletó por cima de uma camisa social branca. Quando a mimi me viu disse: "Maninho, você vai ser padrinho hoje?". Ri demais. Ela também riu, mas não entendeu.

O melhor disso tudo é saber que a criança é sincera - salvo algumas mentirinhas inofensivas. A pureza, ingenuidade, simplicidade e as perguntinhas inocentes de quem reconhece que não sabe nada me lembram o que Jesus ensinou: O reino de Deus é simples, e só quem se fizer como uma criança poderá alcançá-lo.

Hudson Almeida, que costuma ser criança e luta pra não ser infantil

12 de outubro de 2010

Uma Flor, mataram...

Mataram uma flor. Despedaçaram suas pétalas. Sugaram seu néctar. Roubaram sua beleza. Sufocaram suas folhas, tirando-lhe a respiração.

Diziam: “Você precisa ser flor! Precisa exalar perfume de Flor!”. Exigiram da flor o que ela seria naturalmente. Mas os espinhos cresceram muito. E eles queriam só a flor, não suportaram os espinhos. Os espinhos machucavam, furavam a carne. Faziam esquecer a beleza da flor. Chegavam sorrindo pela flor e saíam chorando por causa dos espinhos. Então, tiraram seus espinhos. Limparam todo o ramo, deixando só a flor.

Mas a flor não suportou. Quando tiravam-lhe os espinhos, balaçaram muito e a fágil flor despedaçou. Então desprezaram a flor. Viraram as costas pra ela. Era uma flor sozinha, sem espinhos e sem admiradores. Sem pétalas e sem beleza. Sem perfume e sem flor. A flor não suportou.

Amanhecia todos os dias esperando suas últimas pétalas secarem. Morria a cada alvorada. Cada Pôr-do-Sol era uma despedida. Despedida pra ninguém, despedida pra luz da vivência, pro calor da existência. Chorava a flor, sua morte a fazia sofrer.

Então morreu. Morreu matada. Morreu sem a chance de redimir-se. Morreu não no caixão da funerária, não no boquê apaixonado, não no frasco do perfume. Morreu no útero. Morreu no caule, onde deveria viver.

E lá se foi mais uma flor. Quem se importa? O importante é tirar espinhos, esquecer que espinhos fazem parte da vida da flor. Mas uma nova flor renascerá. Pois mataram a flor, mas deixaram seu caule. Deixaram a raíz. A raíz está no chão, onde ninguém vê, e onde ninguém é incomodado por ela. A raíz deu vida ao caule, e o caule nos deu outra flor. E essa, gritava a vida, cantava a existência. Celebrava o conjunto. Até que vieram…

Hudson Almeida

5 de outubro de 2010

Versículos "bíblicos" que não estão na bíblia

1. “Onde está seu coração, ali está o seu tesouro.”

Este “versículo” é tão usado pelos presbíteros, e citado pelos cristãos em geral, que é difícil encontrar alguém que identifique sua falsidade. De forma que podemos considerá-lo até como um “aspirante a versículo”. Na verdade, a maioria dos evangélicos acredita que, tão certo quanto o fato de Deus ser composto por três Pessoas, estas palavras são da própria Bíblia. A confecção deste texto inverídico deve ter sido feita após uma leitura desatenta do Sermão da Montanha, especificamente na parte em que o Mestre prega sobre o ajuntamento ilícito de riquezas na terra. Repare a diferença entre o trecho original e o texto distorcido pelos homens:

“Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
(Mt 6.21)

Os descuidados invertem o dito do Senhor Jesus: colocam “coração” onde está escrito “tesouro” e põe “tesouro” onde está escrito “coração”. Isso para que dê a aparência de que Cristo ensinava que não importa a quantidade de bens materiais que a pessoa possua: bastaria ela colocar o coração em Deus que estaria tudo resolvido.

O que Jesus disse, realmente, é que nós podemos saber onde está o coração de uma pessoa observando onde ela ajunta suas riquezas: no céu ou na terra.

Vale lembrar que isso não condena o enriquecimento material, defendido como uma bênção divina em toda a Bíblia (Ec 5.19; 1Tm 6.17). O Messias estava apenas usando um recurso semítico de linguagem, comum na Bíblia, onde o lado natural era enfraquecido para enfatizar o lado espiritual. Por exemplo:

a) "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna..." (Jo 6.27)

Será que Jesus estava condenando o hábito de trabalhar pelo sustento material, ou Ele queria apenas dar importância ao ato de buscar as coisas de Deus? Outro exemplo do recurso semítico usado por Jesus é encontrado no Antigo Testamento, onde José diz:

b) "...não fostes vós que me enviastes para cá, e, sim, Deus…" (Gn 45.8)

Assim, poderíamos concluir que os irmãos de José não o mandaram para Egito. Mas, quatro versículos antes, ele havia dito: "Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito." (vs. 4)

Pregando sobre a forma de amar aos semelhantes, o apóstolo João declara:

c) "Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18)

Fica claro que João não desejava proibir o uso de palavras no exercício do amor, mas somente afirmar que o amor não pode se limitar ao uso delas. De qualquer forma, não devemos e não podemos criar textos bíblicos para defender o ajuntamento de riquezas terrenas, pois a própria se encarrega de fazer tal defesa em inúmeras outras porções.

2. “A fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus.”

Igual ao versículo anterior, esta frase é corriqueiramente declarada aqui e ali, sempre que o assunto tocado é fé. Ele é tão engenhosamente elaborado que muitos homens e mulheres de Deus o “soltam” de vez em quando, crendo piamente de que estão proferindo a Palavra de Deus. Na verdade, o que a Bíblia ensina é:

“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.”
(Rm 10.17) [ARC]

O apóstolo dos gentios está afirmando que o “ouvir” é produzido pela Palavra de Deus, e que é por esse “ouvir” que vêm a fé. É bem diferente do que os descuidados fazem a Bíblia parecer ensinar, pois, conforme a “pérola” pseudo-escriturística que eles criaram, é o ouvir do homem que gera a fé. Para entender melhor a diferença entre as versões de Rm 10.17, veja o que diz a Revista e Atualizada:

“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.”

A palavra “ouvir”, empregada em várias traduções, tem o sentido de “entender”, “compreender” a mensagem do evangelho, por meio da pregação expositiva, e não ao mero ato de escutar.

3. “Os anjos queriam pregar o Evangelho, mas Deus reservou esta tarefa aos homens.”

É difícil entender de onde se originou esta tese teológica. Ela é tão espalhada pelas igrejas que se tornou quase um “adendo” popular à Bíblia, um versículo extraído da cartola mágica cada vez que se fala sobre a necessidade de levar as boas-novas aos perdidos. Apesar da raiz desta árvore infrutuosa não ser de tão fácil identificação, podemos sugerir que ela se encontra nas palavras de Pedro, o apóstolo dos judeus:

“A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar.” (1Pe 1.12)

Talvez alguém que não conhece o sentido do termo “perscrutar” tenha lido o texto e daí tirado uma falsa conclusão, imaginando que o pescador de homens teria escrito que as “coisas” que os anjos anelam perscrutar é a atividade da pregação, e que perscrutar significa “fazer”. Embora seja essencial conhecer o sentido dos termos usados na Bíblia, o indivíduo que fez o versículo “abíblico”, que estamos desmascarando, vir à luz, não precisava recorrer ao dicionário para interpretar adequadamente o escrito de Pedro.

Veja o que diz a Revista e Corrigida:

“..para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.”

A tradução dos monges de Maredsous reza:

“Revelações estas, que os próprios anjos desejam contemplar.”

O que os seres celestiais desejam receber são as revelações proféticas de Deus, e não o encargo de levar o evangelho aos pecadores.

4. “E vi uma taça de ouro no céu. E perguntei: Que é isso, meu senhor? E me respondeu: Lágrimas de santos.”

Diferentemente das revelações divinas que os anjos queriam conhecer, as invenções humanas que vimos até aqui são pérolas baratas, recolhidas nas águas rasas do relaxo para com a Palavra de Deus. O pseudo-versículo transcrito acima foi citado duas ou três vezes por um querido pastor, a quem considero como grande pregador, e que possui uma igreja de tamanho médio, o que prova que ninguém está livre de soltar das suas “furadas” de vez em quando.

Este presbítero afirmou, com uma certeza tão segura quanto sua fé na auto-existência de Deus, que o diálogo acima foi tecido durante uma visão do apóstolo João, no livro de Apocalipse. Por incrível que pareça, ele não se preocupou em procurar este texto na Bíblia, quer antes de citá-lo, quer após, na repetição de seu erro. O mais próximo que lemos no livro das revelações ao que o referido pastor disse é o que segue:

“E, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.” (Ap 5.8)

“Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, que são e donde vieram? Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro (...) E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.” (Ap 7.13,14,17)

A junção desalinhada destes versículos deve ter resultado naquela prole híbrida que, infelizmente, foi apresentada no púlpito daquela congregação ao povo que ali estava, como sendo a Palavra de Deus. Resta saber quem foi o pai da criança, o qual não apareceu na apresentação da bastarda.

5. “Ficai em Jerusalém até que seja glorificado do alto”.

Igual ao versículo anterior, esta “muamba” é o resultado da fusão de dois textos inspirados. O que o torna mais abominável que todos os outros é que tem, em sua genealogia, um problema semelhante ao visto na distorção de 1Pe 1.12: a falta de compreensão acerca de uma determinada palavra.

“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de águas vivas. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” (Jo 3.37-39)

“E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes” (At 1.4)

Durante um estudo bíblico que ocorria em uma célula um certo rapaz, a quem estimo e tenho como um servo de Deus, disse que havia uma parte da Bíblia em que Jesus aconselhava seus apóstolos a ficarem em Jerusalém até que Ele fosse glorificado, ocasião em que o Espírito Santo desceria sobre eles. De acordo com aquele jovem, isso significava que Cristo ficou esperando que os discípulos o louvassem, glorificando-o, a fim de que o batismo no Espírito Santo fosse concedido a eles. Na realidade, o apóstolo do amor, em sua biografia de Jesus, não empregou a palavra “glorificado” com o sentido de “elogiado” ou “louvado”. Eles quis dizer que Jesus, como homem, ainda não havia sido “engrandecido”, ou “exaltado”, o que só ocorreria quando fosse levado à presença de Deus, a fim de se sentar ao lado do trono e ser reconhecido como Deus por Sua criação (Fp 2.9-11; cf. Is 45.23).

Confira o que a Bíblia na Linguagem de Hoje verte em Jo 7.39:

“Jesus estava falando a respeito do Espírito Santo, que aqueles que criam nele iriam receber. Essas pessoas não tinham recebido o Espírito porque Jesus ainda não havia voltado para a presença gloriosa de Deus.”

O apóstolo Pedro confirmou que Cristo foi glorificado por Deus, na ocasião de sua assunção e exaltação divina:

“Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis. (...) Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” (At 2.33,36)

6. “Toda a terra se encherá da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.”

Esta passagem fictícia é muito bonita – existe até uma canção que entoamos sobre ela em minha igreja – mas não faz parte dos escritos inspirados. Na realidade, o que a Bíblia afirma é:

“Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.” (Is 11.9)

“Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.” (Hc 2.14)

Como se vê, em momento algum se afirma que a terra se encherá da glória do Senhor. E isso para o desgosto dos que, mesmo com dezenas de anos de Evangelho nos ombros, tinham a frase supra-citada como sendo uma autêntica profecia divina.

7. “E Moisés disse: Que hei de fazer, Senhor? Pois eis que os egípcios se reúnem contra mim e contra este povo, a quem escolheste. E o Senhor disse a Moisés: Toca na águas.”

Deus não ordenou que Moisés tocasse no mar, e, realmente, não foi isso o que este profeta fez. Leia o relato singelo que se contrasta com a idéia exposta acima:

“Disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta o teu bordão, estende a mão sobre o mar e divide-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar seco.(...) Então, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o Senhor, por um forte vento oriental que soprou toda aquela noite, fez retirar-se o mar, que se tornou terra seca, e as águas foram divididas.” (Êx 14.15,16,21)

Para quem possui dúvidas, basta atentar em que Moisés dividiu o mar não pelo toque de seu bordão na água do mar, mas pelo fato de estendê-lo sobre a água, fazendo com que um vento leste soprasse por toda a noite até dividir aquela massa líquida, que teria se juntado ao sangue hebreu caso Deus não houvesse intervindo com tal milagre (que, repetindo, não envolveu nenhum toque de vara).

Parece que há pessoas que não gostam do legislador de Israel, pois, como se não bastasse ele haver tocado na pedra para dela extrair água – desobedecendo à ordem de Deus para somente falar à pedra –, ainda querem fazê-lo incorrer em um delito de igual gravidade. Deste jeito, não era nem preciso esperar chegar nos limites de Canaã: nem mesmo da terra do Egito o escolhido de Deus teria passado. Tsc, tsc, tsc...

8. “Jovens, vós sois a força da igreja.”

A fim de defender a importância dos cristãos jovens, um querido e dedicado líder de igreja tinha por costume citar este “versículo”, a fim de dizer que eles seriam o motor do Corpo de Cristo. Isso é uma distorção grosseira e irresponsável da Palavra de Deus, que afirma algo muito diferente, porém também honroso acerca dos jovens convertidos do 1º século:

“Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.” (1Jo 2.14c)

Oremos fervorosamente para que os jovens da Igreja Contemporânea também exibam estas três características, removendo e enterrando o que é velho (cf. At 5.5,6) para dar lugar às coisas novas do Senhor, uma nova porção do Espírito que caia como vinho fresco sobre a Igreja (Lc 5.37-39; Ef 5.18), abundando em conhecimento da Palavra (Mt 13.51,52; 1Jo 2.20,27), para que esta venha a ter cumprimento: “...e os jovens terão visões” (At 2.17).

9. “E, aconteceu que, subindo a arca do Senhor a Jerusalém, ao som da harpa, do alaúde e da cítara, Davi dançava no Espírito, com todas as suas forças.”

Hoje em dia, há pessoas que não aceitam o que a Bíblia ensina, em sua totalidade, acerca do louvor a Deus. Apesar de tão espirituais, elas são atingidas por uma “micalite aguda” (cf. 2Sm 6.20), que soa como um gongo pseudo-moralista toda vez que, numa reunião de culto, um crente se coloca a expressar sua gratidão e alegria ao Senhor usando todo o seu corpo, além dos lábios e das mãos. Para disfarçar essa mentalidade carnal, alguns afirmam que Davi – e também a profetiza Miriã –, dançou tomado pelo Espírito Santo, em uma ocasião única e inigualável, ignorando outras porções escriturísticas (Jz 21.19,20; Sl 149.3; 150.4; At 3.8).

É certo que o rei hebreu dançou mesmo no Espírito. Afinal, tudo o que os servos de Deus fazem é sob a direção Dele.

“Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” (Gl 5.25)

Se a dança davídica não fosse espiritual, o Senhor não teria se agradado dela, da mesma forma que Ele não se agrada quando alguém lhe entoa um cântico “na carne”, sem meios de render-lhe sacrifícios de louvor com os lábios (Hb 13.15).

Mas afirmar que o rei foi possuído por Deus enquanto levava a arca, dançando em estado de êxtase, é forçar o que está escrito e ir além da verdade – embora estas experiências fossem comuns entre os profetas daquele tempo.

10. “Tocava Davi sua harpa no palácio de Saul. E havia que, subindo sua adoração ao Senhor, o rei era liberto do espírito que o atormentava.”

Esse é um dos maiores mitos disseminados entre os evangélicos. As Escrituras não afirmam que Davi louvava a Deus perante o rei Saul, e tampouco que o demônio saía deste em razão da sua “adoração ungida”. Na verdade, os toques do jovem israelita, dedilhando as cordas de seu instrumento, acalmava a mente perturbada do monarca, causando-lhe um efeito terapêutico. Isso era meramente paliativo, pois o espírito voltava a atacar periodicamente, necessitando que Davi tocasse novamente para reverter o estado frenético em que o rei d’Israel ficava ao ser controlado por aquele demônio de loucura.

“E sucedia que, quando o espírito maligno, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a dedilhava; então, Saul sentia alivio e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele.” (1Sm 16.23)

Isso revela que, muitas vezes, métodos humanos podem surtir efeitos benéficos sobre vítimas de espíritos de cegueira, epilepsia, mudez, transtornos mentais, e outros.

11. “Cristo virá, e os mortos ressuscitarão; num instante, num abrir e fechar de olhos, nós subiremos a ele, e para sempre estaremos com o Senhor.”

Creio que este seja um dos dez principais contrabandos, vendidos nas igrejas evangélicas, como autênticos versículos bíblicos. É de uma natureza tão torpe, que é triste averiguar a imensa popularidade que conquistou em todas as camadas, dos novos convertidos até os maiores mestres da Palavra. Veja por si mesmo o que ensina a Palavra divina:

“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” (1Co 15.51,52)

O que o ministro dos gentios está dizendo? Que o arrebatamento será tão rápido como um piscar d’olhos, ou que a transformação dos nossos corpos –de mortais a incorruptíveis– será assim? É claro que a segunda opção é correta.

Esta história de Jesus voltar e os cristãos serem transformados e transladados, num milésimo de segundo, conseguiu se entremear nas páginas bíblicas em razão da aceitação do dispensacionalismo, um sistema escatológico que ensina que a Igreja não passará pela Grande Tribulação. Como os crentes poderiam ser arrebatados sem que o mundo os visse subindo até o Senhor? A resposta está neste texto pseudo-escriturístico.

12. “Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução; antes, embriagai-vos com o Espírito Santo.”

Esse é usado para defender as experiências de êxtase, nas quais os crentes balançam, caem, riem e fazem outras coisas mais. É uma tolice recorrer a uma invencionice tão descarada para embasar estas coisas. Há textos verídicos que abrem espaço para crermos que o Espírito Santo pode fazer as pessoas ficarem como ébrias. Para saber mais sobre isso, consulte o estudo “As Escrituras e os Êxtases Espirituais".

13. “Em verdade, em verdade vos digo: o diabo vem para matar, roubar e destruir. Mas eu vim para tenhais vida, e vida em abundância.”

“O ladrão não vem senão para matar, roubar e destruir. Mas eu vim para que tenhais vida, e vida em abundância.” (Jo 10.10)

Quem é o ladrão que mata, rouba e destrói? O contexto clarifica a identidade de tal personagem:

“Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.” (vs. 8)

No vs. 10, Cristo não está especificando uma pessoa em particular como “ladrão supremo”, que seria Satanás, mas afirmando um conceito genérico: uma pessoa que recebe o título de “ladrão” tem por ocupação a apropriação total do bem alheio, mesmo que isso inclua roubar, destruir e matar aos outros. Contrariamente a isso, Jesus não é ladrão, pois Sua obra é o oposto disso: trazer a vida abundante, que é a vida eterna, espiritual. Em momento algum o Mestre cita a existência ou atuação do diabo.

14. “Buscai, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas.”

15. “Vós escolhestes a Saul sobre vós e vossos filhos, mas eu, o Senhor, não o escolhi; eis agora a Davi, homem segundo o meu coração, a quem tirei do aprisco de seu pai para reinar em Israel.”

16. “Irmãos, não desfaleçais; pois nos últimos dias virá o enganador, transfigurado em anjo de luz, o diabo e Satanás, que seduzirá a terra inteira. Ele surgirá como homem, falando e enganando a muitos, mas os escolhidos não lhe darão crédito.”

17. “E Sansão crescia em força e graça diante do povo de Israel; e era o varão mais forte de toda a terra, pois ninguém se igualava a ele entre os hebreus, os filisteus, os egípcios ou dos do lado da banda do oriente.”

18. “Aproveitando o sono de seu marido, Dalila foi e cortou-lhe as madeixas da cabeça, nas quais não passara navalha desde o nascimento; pelo que perdeu ele suas forças.”

19. “E, após os apóstolos terem visto o Senhor manifestado, chegou Tomé ao lugar em que estavam reunidos; contando-lhe os discípulos que o Senhor ressuscitara, e que havia aparecido a eles, não creu ele, pois era incrédulo, e duro de coração.”

20. “Vigiando em todo o tempo acerca do vosso falar e do vosso trato com os outros, pois Satanás anda em derredor, anotando nossas palavras; vede, portanto, que vossos dizeres não sejam usados para condenação, mas para glória no Dia do Senhor Jesus.”

21. “Acautelai-vos, pois Satanás, vosso inimigo, aguarda o momento de vosso desânimo para vos arrastar para o inferno, onde há pranto e ranger de dentes.”

22. “O diabo marca toda palavra que falamos.”

23. “E aconteceu que, com a pregação de Pedro, mais de três mil almas se converteram no dia de Pentecostes.”

Com certeza, muitos outros versículos “falseados” tem aparecido pelo mundo afora. Estes são os que conheci até hoje, sem contar as conclusões totalmente infundadas que alguns têm feito sobre textos bíblicos, tais como:

a) Pregar que Jesus levou nossas doenças físicas, baseando-se em Is 53.4,5, que é uma profecia do Antigo Testamento, que deveria ser interpretada à luz do Novo Testamento, em Mt 8.16,17 e 1Pe 2.24;
b) Ensinar que a prosperidade é um direito dos cristãos, com base nas promessas de Dt 28.1-14, enquanto as instruções sobre as guerras aos cananeus são espiritualizadas;
c) Declarar que a Igreja será arrebatada antes da Grande Tribulação, construindo um castelo de areia sobre 1Ts 5.9, em vez de ler este versículo à luz de Ap 14.10;
d) Isolar o texto de Dt 6.4 para negar a pluralidade de Pessoas na unidade de Deus, enquanto o Novo Testamento ensina que essa unicidade é formada por “o Pai, a Palavra e o Espírito Santo” (1Jo 5.7, Almeida), sendo que o próprio Antigo Testamento já deixa isso implícito (Gn 1.26 c.c. Is 44.24).

Além disso, ouvimos também as frases engraçadas, que são facilmente identificadas por qualquer conhecedor mediano das Escrituras:

“Se ajude, e Eu te ajudarei”.

“Quem pariu Mateus que o cuide”.

E por aí vai.

Autor: Rafael Gabas Thomé de Souza

Fonte: http://bereianos.blogspot.com

4 de outubro de 2010

Disseram o que eu diria

Amada Marina,

Não sei se venceremos com você esta eleição, mas não importa, pois, seja como for, o testemunho da fé, da esperança e do amor já venceram em sua e em nossas vidas nesta eleição!


Você — diferentemente das Plantas Doces e Nobres do Apólogo de Jotão, no Livro Bíblico dos Juízes de Israel —, por ser filha das dores e gemidos da Floresta, ofereceu-se para dar sua doçura, gosto e azeite a todas as demais árvores da Floresta.
É triste ver, todavia, que há muita gente criada no Concreto e no Deserto, e que prefere o reinado do Espinheiro! Até decoram suas casas com espinhos; sim, com cardos e abrolhos!
Você, Marina, é simples e ampla: é Marina e é da Floresta; talvez porque nas nossas terras amazônicas os rios sejam verdadeiros mares.


O Lula é do Mar, mas o Mar é maior do que Lulas!
Marina da Floresta; Marina Oliveira [azeite] Videira [vinho novo] Figueira [doçura] Silva [do Brasil]; Marina dos Rios Mares; saiba: que os céus permitam que seja agora[...], mas se não for já, todavia, logo chegará a hora em que as lulas saberão que não é o mar que precisa da lula, mas a lula do Mar.


Vou sair para votar em você!

Pela primeira vez em 56 anos de vida votarei com alegria, certeza, consciência do melhor e toda a esperança de que algo bom e novo aconteça!
Seja como for, amiga e irmã Marina, você já se tornou para o imaginário nacional a Marina Gandhi do Brasil!


Que o Senhor de todos os homens honre a sua vida; e que você nunca seja enganada por nenhum ardil do mal!

Marina, nós todos, os que amamos o Evangelho, nos sentimos honrados no Senhor por podermos ainda ver que o bem pode existir na Política.

Nele, que amou você, Marina, e a deu como Graça a muitos nestes dias,

Caio
3 de outubro de 2010
Lago Norte
Brasília
DF


(Pastor Caio Fábio em seu site caiofabio.com)

1 de outubro de 2010

A famosa (in)justiça social

Não pude deixar de notá-lo, mesmo envolvida com a leitura de Bechara. Ao entrar no trem ficou “preso” na porta, pensei eu que poderia machucar-se, não sabia que assim como eu bebo águia, ele se esquiva da porta do trem todos os dias, e o mais triste é que não são só essas portas que se fecham pra ele.

O grito era enlouquecedor: - Três serenatas, um real, três serenatas um real, ele bradava enquanto se locomovia pelo “cara-de-lata” da supervia. Eu, absorta em minha bolha praguejei: - Impossível estudar nesse lugar. Mas logo me esqueci do rapaz e concentrei-me novamente na leitura, exatamente no tópico “Tradicionalismo e mudança”. Não tardou muito para que chegasse ao meu destino. A aula de Redação Jurídica muito me animou. Discutimos a questão ambiental e a mudança de paradigmas referentes à escassez dos recursos naturais. Falou-se muito das pessoas desfavorecidas social, cultural, e economicamente, dos ditos “dominados”, que pouca informação possuem e em detrimento disto desconhecem muitos de seus direitos e deveres, não sabendo também como requerê-los.

Devaneei no decorrer da aula sobre a injustiça social, sua origem, suas conseqüências, e suas possíveis soluções. A nenhuma conclusão cheguei. Até que de volta ao trem, desta vez lendo Helênio em sua dissertação sobre o correto e o incorreto na linguagem, eis que ouço novamente aquela voz que outrora muito me incomodara: - Três serenatas, um real, três serenatas um real. Levantei os olhos, que até então permaneciam baixos e envergonhados, e compreendi, sentindo mais próximo a mim do que minha própria respiração, o que era a injustiça social, e como ela se configurava ali, bem na minha frente.

Enquanto aquele rapaz que aparenta ter a mesma idade que eu, passou a noite esquivando-se de portas, gritando “serenata, um real” pra ganhar por dia, talvez menos do que eu gastei hoje no Habib’s. Essa Juliane um tanto quanto idiossincrática, estava em uma Universidade estudando a lei, ficando a par de seus direitos e deveres, desenvolvendo seu intelecto, e também, praguejando contra um irmão da mesma cor, da mesma idade, e ideologicamente “separado” por um infinito de baboseiras que chamamos carinhosamente de critérios socias,assim como a cor da pele, o nível de escolaridade, a boa aparência, etc... Talvez ele nunca descubra o que eu aprendi em uma noite, e se o fizer, talvez nem consiga transliterar em uma folha de papel a dor que sente, porque até isso lhe foi negado.

Juliane Ramalho


“O homem é o lobo do homem” (Thomas Hobbes)


24 de setembro de 2010

Três Ouvidos seriam poucos...


Por que ouvir é tão difícil? Não estou falando da capacidade de "ouvir o que o Espírito tem a dizer", digo sobre a simples atividade de dar atenção aos sons que tanto nos rodeiam e sinalizam a realidade.
Temos dois ouvidos, uma boca. Isso é claro. Ouvir nunca é demais, mas sempre necessário. Ser tardio no falar e pronto no ouvir é um desafio a todos. Todos queremos nos comunicarmos, expressarmos nossos anseios, nossas questões e opniões. Mas quem ouvirá, as pedras?
A fé vem pelo ouvir, nunca pelo falar. E eu não estou sugerindo a abstinência do falar. Falar é uma dádiva, mas ouvir é uma urgência.
Tem alguém chorando, alguém pedindo, algo indicando perigo, sons da vida. Barulhos guia que minha inquietude me ensurdece. Se no relato bíblico Eva ouvisse o Senhor lhe dizer o que não deveria fazer, saberia como melhor ouvir o intuito de proposta da serpente. Ela não errou em ouvir a serpente. Errou por não ter ouvido o Senhor.
Entendo, que preciso de mais um ouvido. Mais uma orelha. Não para enchê-la de pircings, brincos ou alargadores, mas para ouvir melhor. Mesmo que seja pouco estético. Se possível eu colocaria a terceira orelha no peito, perto do coração, pra ter um ouvido mais caridoso. Porém, isso não resolveria meu dilema. Três ouvidos seriam poucos para minha surdez existencial.
Porque o ouvido prova as palavras, como o paladar experimenta a comida.
Jó 34.3
Falou Hudson Almeida, que deveria falar menos e ouvir mais.

17 de setembro de 2010

Quem é deus como Mamom?

Quem é deus como Mamom? Quem pode contra a força do seu poder? Quem consegue deter os seus planos mais ambiciosos? No seu braço está a riqueza e na sua boca o convencimento. Em suas mãos ostenta os bens materias que pode dar a quem quiser se vender.

Mamom não criou os céus, nem a Terra. Não fez o mar, nem o universo. Mamom não pode controlar a natureza e nem dá vida a ela. Porém Mamom é forte e poderoso no coração do homem. Ali ele pôs seu trono e grita: "quem poderá me tirar daqui?". Sua força é tão grande que ele esmaga os que se lhe opõem. Ele compra a todos. Todos se prostam diante de Mamom.

Mamom não se importa se você tiver outro Deus, desde que o seu coração seja para sempre dele. Ele é deus na terra dos hipócritas, dos santos, dos reis, dos pobres, dos ricos e nativos. Quem não se prosta diante de Mamom certamente morrerá. Viverá na pobreza, sem as novidades da riqueza, sendo massacrado e subjulgado, apenas com a promessa de uma recompensa vindoura. Mas quem saberá esperar esse prêmio futuro. Por isso Mamom é deus adorado por todos, poucos são os que não lhe amam. Mamom não lhe promote bens futuros, ele te dá agora.

Mamom poderá comprar o mais firme coração. Não tem pressa. Na momento certo, na hora de uma necessidade o homem honesto se curvará diante dele. Por que mamom não machuca quem se vende a ele. Ao contrário, quem se vende terá vida quase eterna. Será maior que os outros dependendo do seu poder de influência.

Louvado seja mamom por todos aqueles que o ama. Viverão um vida de busca pelo material, morrerão de tanto procurar e e cairão em suas próprias armadilhas. Mas que importa? Importa que Mamom criou um desejo e lhe deu o presente. Ele não pede nada mais que o seu amor a ele.

E você, já se vendeu a Mamom? Qual o seu amor por ele?


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"Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem traça nem ferrugem corroem e onde ladrões não minam nem roubam: Para onde está o teu tesouro, aí estará o seu coração também.


"Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

(Mateus 6:19-21,24)


Que escândalo, um jovem cristão escrevendo um texto exaltando a Mamom. Alguns podem achar que eu estou adorando a Mamom. Mas o meu objetivo não é este. Ele não precisa ser exaltado, ele já adorado até dentro das igrejas. Nós é que não vemos, ou não queremos ver.

Contudo, quero chamar sua atenção para o seguinte: em épocas de eleição nós ficamos furiosos e atacamos os políticos corruptos. Dizemos que eles superfaturam nas campanhas, declaram dois e gastam cem. Mentem e prometem o que não irão cumprir. Concordo. Mas você e eu não podemos dizer que somos perfeitos. Nós apontamos o cisco no olho deles e esquecemos da trave diante de nós.

Nós é que somos os verdadeiros corruptos, que nos vendemos nas campanhas. Nós que aceitamos qualquer mil ou milhão para emitir nota fiscal falsa. Nós que aceitamos qualquer real para digitar o número do candidato na maquininha do poder. Nós que profetizamos em nome de Deus a vitória daquele candidato que nós trará maior benefício, e o resto que se dane.

Viu como Mamom está tão perto e agente não percebe?

Há apenas uma forma de vencer Mamom: Não se vendendo. É claro que Deus é Senhor e não há maior que Ele. É obvio que Jesus está sobre todo nome. E Mamom nem é um deus personificado historicamente, mas está vivo no coração do homem. Mamom é o dinheiro, as riquezas, o conforto, o bel prazer em detrimento do outro. E contra mamom só existe um ser: você. Você já disse não a Mamom?


Falou Hudson Almeida, que não se vende às riquezas passageiras quando foi comprado com valor eterno.


25 de agosto de 2010

Meus medos

Medo. Da injustiça. Da desaventurança e da desesperança. Medo da surdez, de ouvidos que não ouvem o clamor alheio. Da paralisia que não move em favor dos necessitados. Medo de mim. Pois em mim existe o mal, até aquele não conheço. Até o outro que não admito. Medo de viver sem vida, medo de ser inútil.

O Verdadeiro Amor lança fora todo Medo...

29 de julho de 2010

Aborto, não! Vida, sim


Assim como é forte essa imagem é também com mesma força a aversão que tenho ao aborto.


Imagem de um bebê abortado segundo o método "D & E"

O método chamado "D & E" é usado em gravidez de quinze semanas ou mais. Como no método de sucção, o bebê é cortado em pedaços. Neste caso, o "médico" usa um instrumento especial para separar os braços e as pernas do resto do corpo. Em seguida pressiona sua cabeça para sugar o cérebro e esmagar o crânio. Só então continua retirando o resto do corpo.

Fonte: pulpitocristao.com



1 de julho de 2010

Seara ou obreiro?


Hoje, assistindo o programa Papo de Graça, na VemeVe Tv.com.br, o Pastor Caio Fábio lia o livro de Lucas no capítulo 10. Ao citar o versículo 2, a palavra penetrou meu coração e fez-me pensar.
"E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara".
Jesus dizendo que há muito trabalho, mas poucos querem trabalhar. Ele sintetizava que é necessário oração, mas poucos joelhos se dobram. É preciso lágrimas, mas poucos corações se contristam. É preciso Amor ao próximo, ao inimigo, ao Senhor mas preocupados muitos amam só o Si mesmo.
Mas a seara é grande. Sempre haverá vagas para quem quiser trabalhar. E quem acredita já ser um obreiro da seara deve orar e pedir mais obreiros. E eu continuo com a Palavra fincada em minha alma, questionando o meu ser, e confrontando os meus princípios, pondo em dúvida as minhas certezas e posicionando-me na linha da reflexão: "sou obreiro, ou sou seara?".
Se eu for seara, orem por mim pra que Ele me faça obreiro. Mas se eu for obreiro, preciso ser mais prático, mais vivo, mais verdadeiro e mais preocupado com a grande seara.

30 de junho de 2010

Breves Lembranças


De todos os dias foi em um deles que senti. Senti o que era pensar em quando ficar velho. Quando os cabelos brancos tingidos pela experiência revelar-me em um ancião. Quando as roupas não precisarem mais ser tão bonitas mas apenas confortáveis. Quando falar minhas deliciosas histórias de uma época juvenil será pra mim um prazer e aos ouvintes uma longa investida de tempo. Quando mamãe e papai, quem sabe, já não estarão vivos no mundo, apenas no coração. Quando acordar cedo será normal. Silêncio e paz serão ouro. E lá não haverá a irmã caçula correndo pela casa, brincando com suas bonecas. Também não haverá mais a irmã mais velha varrendo a casa, brigando comigo e com seu jeitinho caprichoso e orgulhosa em cuidar da nossa casa. E lá eu não serei mais tão filho. Quem sabe seria mais pai, mais avô, ou mais tataravô. E pensar nisso não me faz mal. Ma faz feliz saber que sou hoje a melhor lembrança do meu amanhã. E hoje vou viver tão intensamente para que depois só me reste lembrar e dizer: É, eu realmente vivi!

Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento... Eclesiastes 12.1

25 de junho de 2010

Não brinque com Aquele que você não conhece...

"...Deus o (Jesus) exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome... " (Filipenses 2.9)

Num dia desses contei uma piada. Todos riam, inclusive eu. Mas por dentro algo me incomodava. Talvez a consciência, ou um temor, quase um arrependimento me tomava o pensamento. A brincadeira havia passado do limites. Quando se crê que um Deus governa tudo e está sobre todas as coisas, entende-se que é sábio respeitá-lo e honrá-lo. Aquela brincadeira deixou de ser uma simples piada quando o nome de Jesus apareceu nela.

"Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências..." (2Pedro 3.3). Preciso me policiar para não me entregar ao riso quando leio deboches engraçados que parecem ser dirigidos somente aos cristãos. Se fosse só com os cristãos eu entederia pois é verdade que existe equívocos comuns aos homens da fé. Mas com Jesus, não se brinca. Com o nome daquele que ressuscita mortos, que controla o universo, que cura enfermos, que perdoa pecados deve-se no miníno refletir e pensar em como e quando usar o nome Deste.

Cuido-me para que não deixe de ser alguém engraçado e me torne um escarnecedor dos últimos dias.

Hudson Almeida, que um dia teve sua vida transformada pelo nome de Jesus

13 de maio de 2010

O raio que o parta, partiu!

Leitores amigos e presente nesta janela quase incensurável de nome internet, que nos permite tentar ser melhores em escrever e selecionar o ler. Olá. A razão de não postar assiduamente neste nosso espaço de reflexão e algo mais, não foi por falta de inspiração ou desejo de falar. É certo que tenho muito a dizer, apenas menos que a prontidão em ouvir. Porém, meu tão recém pago PC (paguei em 18 parcelas de 100 na casa do bahianinho) e já tão antigo em configurações, graças ao efeito pós-moderno consumista, está danificado. O "Micro"-Positivo (que é enorme), e até bonitinho, sempre me foi útil - apesar dos 500MB de memória. Mas numa dessas chuvas de estação indefinida no cenário de 'descongelamento do mundo', um raio enviado pelo (queria culpar o Diabo, mas não devo!)... atrito natural de massas de ar, derramou sua fúria pertinho da minha casa. O PC-Positivo suspirou e faleceu. Passou para o senhor. Na verdade, eu o passei para senhor Bruno, um amigo inteligente em informática, na esperança de que ele - o PC - ressucite ou reecarnelétrofique em um Sistema Operacinal Evoluído. Estou sem computador.

Graças as falsas promessas neo-pentecostais-diabólicamente-corretas, eu não ofertei no ministério de pastores mercenários para receber cem vezes mais o que Gezuiz negociaria. Se eu acreditasse nesses bobagens talvez até tentasse e quem sabe recebesse do além uma máquina de escrever... Mas, nem assim haveria utilidade. Logo, muitas promessas transcendentais contemporâneas não resultam em bens reais pra mim. Meu PC em breve estará consertado, após dar-lhe um nova fonte, um pouco mais de memória e um Windows mais sete - no melhor sentido. Coisa assim é possivel com um leve senso econômico pessoal e alguns reias para o Bruno. hehe!

Em breve novos textos!

9 de abril de 2010

Vida em Abundância


Um simples sorriso brilha na face de quem está acostumado a ser feliz. Um gesto de ajuda e compaixão torna-se comum e livre de elogios para os sabedores de que fazer o bem é obrigação pra quem ganhou a vida. Perdoar então, é prática urgente e necessária aos agraciados pelo perdão eterno. Quem vive assim encontrou a vida abundante que Jesus falou. Porque abundância de amor, caridade, perdão e gratidão é ter vida plena. Viver para o próximo é viver em abundância. Isto é o verdadeiro evangelho de Jesus. Pois quem vive, não se ocupa em odiar e em fazer mal. Antes sente-se obrigado, com graça na alma, de amar até os inimigos, de dar a outra face quando for preciso, de olhar para a trave no próprio olho não julgando o outro.
Quem diz conhecer Jesus e não observa estas coisas é como um sino que tine, mas não tem vida em si. Quem quiser viver deve morrer para si. Felizes são os que entendem isto.

Hudson Almeida

7 de abril de 2010

Se fosse o meu microfone no lugar de Boris Casoy?


Tenho um amigo que não gosta dos comentários do Jornalista Boris Casoy. Eu apenas acho que ele cumpre bem o papel que a mídia exige de seus protagonistas. Mas um vazamento de áudio revelou um comentário nada moral e muito menos digno de um jornalista midiático bonzinho para a população. Coitado. A casa caiu. Acredito que os garis continuam varrendo as ruas, magoados, mas tranqüilos. Apenas a mente do nosso jornalista deve inquietar-se com uma falha técnica no jornal da emissora Bandeirantes.

Consegui assistir ao vídeo no you tube (guardião de todas as gafes) e confesso que lamentei pelo amigo Casoy – amigo, pois também estou cursando jornalismo. Tenho pena também do operador de áudio do jornal que, nessa hora, deve estar tentando uma vaga de gari em algum lugar, por estar recém desempregado. Que vergonha!

O que mais me chamou a atenção foram os comentários abaixo do vídeo: “O Boris Casoy é um falso moralista. serpente traiçoeira”, “Velho palhaço, queria ver se você agüentava fazer o trabalho dos garis já que vc tá se achando tanto”, “eu não vejo mais este telejornal a cara deste senhor me da nojo”. E estes textos se repetem em mais de 2400 comentários ao longo da página num vídeo postado com mais de 174.000 acessos. Um bando de hipócritas falando sobre o erro de alguém quando suas bocas proferem o mesmo, só que não em rede nacional.

Entenda, não defendo o jornalista infeliz. Nada, ou quase nada na TV é aproveitável ou serve para aprimorar as atividades mentais do brasileiro (pelo menos nos horários nobres). O que me deixa inquieto, é que as pessoas julgam o cara e o condena. Mas e nós? E se um microfone estivesse ligado por alguns momentos, fazendo-nos sermos ouvidos por cem pessoas, por exemplo. O que seria revelado de nós? Será que nossa máscara não cairia? Será que não falaríamos mais besteira que o Boris Casoy?

O melhor a se fazer é buscar sabedoria com erro do tolo. Ficar quieto, lamentar, e não fazer o mesmo. Lembrar que a qualquer momento nossos microfones podem ser ativados e nos mostrar como realmente somos.

Jesus adverte sobre isso. O pai que está no céu tem um fone potente, que nunca desliga. Ele ouve nossas falas a todo instante. Ele pode nos julgar. Que aprendamos com o Livro a sermos tardios para comentar e prontos a ouvir. Quanto aos “Bori’s” que somos, resta um conselho:

“Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido” – Provérbios 17.28.

O lixo da teo-prosperidade


Entendo se perceber que o leitor não acredita em milagres. Os apelos mentirosos e aproveitadores de alguns neo-pentecostais (ou pós-pentencostais) conseguiram distorcer o sobrenatural divino em banalidades de homens vaidosos. Alguns deles prometem milagres, evidenciam algumas curas, vendem seus peixes e arrecadam muito. Sendo que a maioria dos fiéis volta para as suas casas sem a cura e soluções para os problemas. Os líderes alegam que foi falta de fé, ou que deveriam persistir mais e, em casos finais, que Deus não quis em sua soberana vontade realizar o milagrezinho. Mas o mais importante eles já conseguem quando criam crentes dependentes das suas campanhas malditas, viciados em igreja e doentes de alma. Ontem um desses vendedores de milagres da TV brasileira (sempre rica em conteúdo bosta), propunha aos fiéis que levassem seus celulares pois eles, os poderosos-ungidos-do-senhor, iram ungir os aparelhos para que em 2010 os irmãos tivessem a unção das boas notícias. Eu quase levei meu LG de 200 reais para a macumba-santa-dos-bispos, mas desisti quando, ao tentar fazer uma ligação ouvi a robotinika-da-claro dizer: “Seu aparelho está bloqueado para fazer ligações. Pague suas contas em dia e evite constrangimentos” – percebi que o encosto-da-conta-atrasada iria me perturbar até o início de janeiro, quando a próxima conta com o valor total da dívida e seus juros viria para aliviar meu tormento. Nem um milagre resolveria isso se eu não pagar a conta.

E falando sobre milagre, eu ouvi na igreja que freqüento um pregador falando sobre o capítulo 15 de Mateus a partir do verso 29. O texto narra a segunda multiplicação de pães e peixinhos. Resumindo, o texto diz que a galera que vinha receber o milagre aglomerava-se por três dias formando uma multidão faminta. Jesus estava pronto a mandá-los embora à suas casas. Mas antes realizou o milagre em grande escala. Desses que dá pra anunciar na TV. Imagina o bispo ou o Pastor-defensor-de-Deus anunciando isso na telinha: “Não percam!! Amanhã, no Monte da Beira-Galiléia, o homem de Deus, ungido do Senhor, fará o milagre da multiplicação dos pães. Traga seu pãozinho duro ou mofado, que ele irá fazer um banquete de rei pra você, e não esqueçam da sua oferta!” – Jesus estaria frito se viesse a Terra hoje. Deus sabe de tudo.

No milagre de Jesus, não aconteceu nenhum banquete de rei. Apenas pães e peixinhos, que satisfizeram o povo sem desperdícios e sobras. Na visão (falsa) dos teólogos-da-prosperidade Jesus deveria armar uma mesa celestial naquele monte, cheia de frutas, carnes, bolos, sucos, vinho e muita alegria para a multidão. Todos comendo muito, de tudo, rindo, zoando, engordando como bois e saciando sua gula carnal. Jesus é bem diferente desses riquinhos-mimados-de-deus, que só têm engodo para oferecer aos fiéis, com propostas inúteis e vãs dessa vida decaída e passageira como se fosse um prêmio de Deus a quem vai ao templo-pagão deles. Não há nada de eterno em seus ensinos. Tudo coisa daqui, desse mundo bosta que jaz no maligno e é (des-) organizado pelo Diabo. Vendedores de lixo.

Jesus oferecia coisas eternas, sabia que o povo precisa comer, vestir e beber. Mas nunca ofereceu coisas que mimassem o ego do homem pecador. Sempre apontou para céu. Dizia que o Reino de Deus não é comida nem bebida. Quem é correto ajuntar riquezas no céu e não na terra onde o traça e os bispos consomem. Ele é Deus da eternidade. Preparou coisas inimagináveis ao pensamento humano. Coisas dessa Terra você pode ter não. Se trabalhar honestamente, sendo bom servo como se a Cristo, sabendo economizar e se livrando do consumismo capitalista, você pode conseguir bons tesouros nesta terra. Mas dependendo de Cristo, nunca trocará a graça da fé em Jesus por qualquer cem merréis sujos deste mundo.

E, quer um conselho, meu brother? Fuga desses falsos profetas. Corra de seus ensinamentos vaidosos. Lembre-se que Daniel, Misael, Azarias e Hananias rejeitaram o banquete do rei Nabucodonosor. Alimentados com vegetais ficaram mais fortes e nutridos que os comedores da mesa do rei babilônico. O Senhor lhes deu sabedoria científica, cultural e conhecimento até sobre discernir sonhos. Rejeite a mesa dos Nabucodonosor’es desse tempo. Rejeite suas promoções mentirosas e diabólicas. Rejeite a prosperidade chula e inatingível desses ladrões. Prefira o que Jesus tem pra você. E o que não é eterno, logo passa. Ah se passa!

Hudson Almeida

O Problema com as Mãos Levantadas


Para tratar o tema deste artigo, irei antes, narrar o engraçado equívoco que acabou me levando ao lugar de inspiração para este assunto.



A ida para onde não fomos



Já estava tudo certo. Apesar do leve atraso, saímos de Queimados próximo das 18h. A van nos levaria à igreja aonde iríamos cantar canções do nosso ainda não lançado CD. Havia mais três carros formando a caravana. Felizes, com nossos instrumentos afinados, com as vozes limpas e ensaiadas para harmonizar as canções, seguíamos em direção a Caxias. Na primeira parada para abastecer, alguém decidiu ligar para um membro da outra igreja e confirmar o endereço:

– Irmão, paz-do-Senhor. Só confirmando: o endereço é a rua tal, próximo ao lugar tal, no bairro tal, ok? – disse um ser do nosso comboio.

– Sim, está certinho. No sábado que vem agente aguarda vocês – afirmou o irmão-da-outra-igreja.

– Mas já estamos indo pra indo pra ai! – já pálido, o nosso mediador das comunicações.

– Não querido, hoje não tem culto, o evento que lhe convidamos é na próxima semana! – indagou o crente da outra igreja.

– Sério? E nós já estamos no meio do caminho com quatro carros e um monte de crentes músicos! – Já suava.

– Sinto muito irmão-da-igreja-convidada. Esperamos vocês no próximo sábado, até lá!



Genial. Ficamos parados no posto, ligando para não-sei-quem ao lado do delicioso e caro Milk Shake de Ovomaltine do Bob’s. Minha reação foi rir, e rir muito! Os outros acabaram rindo também. Até o motorista da van riu, afinal, receberia seus duzentos paus para não ir aonde ia. Que legal!



Não havia nada a ser feito. Então lembramos que ali perto tinha uma igreja gospel onde estaria presente um grupo ex-secular-agora-salvo se apresentando, e a entrada era franca. Partimos prá lá. Só um carro voltou para casa. Chegando lá, tentamos um local para sentar, mas estavam todos marcados com bíblias-marcadoras-de-lugar. Fomos para porta da igreja, pois ventilava um pouco mais que no interior do templo. E lá ficamos.



Mãos, prestes a levantarem-se



Tempo vai, tempo vem e então foi dada a largada: Que cantem os anjos! Que dancem as Miriãs! O culto vai começar. Uma irmã, animada, toma o microfone e inicia o interrogatório congregacional:

– Quem ta feliz diz: Glória a Deus!

– Quem veio aqui para adorar, e não para ver o Grupo famoso, bata palmas! – é claro que eu não bati.

– Pergunta pro seu irmão ao seu lado o que ele veio fazer aqui. – Essas e outras perguntas abrilhantavam a abertura do evento. O legal é que no meio das perguntas, agente ouvia o mistério de línguas estranhas turbinadas pela pastora-que-abre-cultos.



Então o levita iniciou a ministração e a chapa começou a esquentar. Sendo sincero: as músicas cantadas eram belas, as letras (menos uma da autoria deles) eram coesas. Mas o lance das mãos já começara a me intrigar.



Mãos pro alto! – isso não foi um assalto.



Já que estávamos na porta, meus amigos e eu tínhamos a visão de todo o palco, além da movimentação no show. E bem a minha frente estava o obreiro-porteiro-recepcionista-staff-organizador do culto. Foi ele.



Na abertura do culto ele ergueu as duas mãos. Elas estavam na altura dos ombros. Os pulso, 43° envergados pra trás. Os dedos caíam pra frente, com exceção do polegar, dando a impressão de atrofia. Pensei: “ele está adorando, ora!” – mas eu não sabia o quanto aquilo era importante pra eles.



O louvor acabou. A igreja sentou. Eu fiquei em pé na porta. Outro irmão recebeu o microfone do levita. Fez uma chorosa oração em que cantou novamente o refrão da ultima canção. O indivíduo a minha frente continua com as mãos pro alto.



Então chamaram o grupo famoso. Eles se apresentaram e saudaram o povo. Tudo normal. Menos o irmão, que ouvia em silêncio o grupo falar, com o olhar fixo no palco e as mãos… adivinhem: Levantadas!



Meu Deus, o irmão não cansa! Depois de algumas três ou quatro canções o grupo famoso desceu do altar e um pastor europeu (alguém me disse que ele era europeu) abriu a bíblia para ministrar uma palavra de encorajamento (para ofertar, é claro). Nisso eu fui lanchar. Comi um salgado sem recheio, um kibe cru e um crepe derretido que caiu do palito. Tudo bem, eles eram só um real cada.



Voltei pra porta da igreja e lá estava ele. Parecia mais um sofrido sendo assaltado. Ele cochichava e ria com outro irmão-porteiro-e-etc, e mesmo durante o rápido diálogo as mãos ficaram estendidas! Comecei a imaginar o irmão no banheiro fazendo pipi com uma das mãos pro alto, ou no trono, relaxado, com as mãos estendidas. Que cena. Ela não abaixava as mãos pra nada.



Então como numa revelação transcendental eu vi. O outro irmão que conversava com ele também estava na posição-da-mão-rendida. Não acreditei. Olhei pros lados, murmurei com uns amigos, e pior: percebi que todos os obreiros estavam com as mãos pro alto.



Eles eram normais, falavam normalmente, conversavam como nós, mas as mãos… as mãos… estavam por alto!



Isso me intrigou muito. Fiquei criando o ambiente onde eles fazem reunião com os obreiros da igreja. O pastor deve falar: “e não esqueçam: adorem! Vocês são os exemplos, mãos pro alto o tempo todo!”. Será? Num sei, mas suspeito.



A adoração ensinada



Pode parecer engraçada a historia, até que é, mas é também preocupante. Tudo isso que narrei aconteceu realmente. Esse é o problema.



Não quero julgar os irmãos da igreja que visitamos. Até porque se eles fossem me julgar eu sairia perdendo. Mas posso comentar os atos que vi ali. Estes, não acontecem numa igreja apenas, mas em todas, pelo menos em alguns momentos.



Isto reflete a distorção do real sentido de adoração que é ensinado em nossas igrejas. “Você tem que adorar assim… Ta na hora de adorar… quero ver vocês adorando!” – coisas ditas regularmente no meio gospel-evangélico. Mas será que existe uma forma (como a que faz bolos) para adorar a Deus? Será que existe um momento exato para adoração? E lugar, existe só um lugar para adorar?



É loucura dizer que só a igreja é lugar de adoração. Eu não vou à igreja para adorar a Deus. Não vou mesmo. Vou à igreja porque eu Adoro a Deus. É bem diferente. Não preciso ficar fazendo gestos mecanizados, parecendo mais um alienado a base de anestésico, para mostrar aos outros que estou adorando.



Eu adoro quanto durmo, quando acordo. Quando tomo banho. Quando vou ao trono (esse mesmo!). Adoro de pé, sentado, deitado. Com mãos pra cima, pra baixo, pro lado… Adoro quando amo, quando perdôo, quando sou humilhado, perseguido, quando clamo na minha fraqueza, quando me arrependo de ter pecado. Adoro quando faço o bem, quando sou tolerante, quando peço desculpas, quando sou grato a alguém, quando ignoro a inimizade e trato bem os inimigos. Adoro nas lágrimas, no riso, na reflexão, na pouca fé, na adversidade, na dúvida, na inconstância, nos desencantos. Adoro em casa, na faculdade, na estrada, no supermercado, shopping, no cinema, na livraria, no estacionamento. Adoro na expressão de uma canção, no silêncio sábio, na audição amiga, na observação na criação, na observação da dura realidade, nas paixões, nos laços amigos. Adoro.



Se a minha vida não chegar até Deus como incenso queimado, a cruz não alcançou minha fé. Se a graça não me permitir assim crer, ela não é graça. Vejo muita gente tentando adorar do jeitinho adorativo. Os carismáticos, os pentecostais, os neo-pentecostais, os ortodoxos, os crentes em geral, os religiosos, os legalistas… todos têm suas fórmulas mágicas, suas macumbas santas, sobre como adorar a Deus. Mas só há uma forma de adorar verdadeiramente.



Se Cristo vive em mim, ele não está comigo, mas está em mim. Entende a diferença de COM para EM? Cristo EM mim faz-me não ser eu mesmo. Eu quero me vingar, Ele quer amar. Eu quero só pra mim, Ele quer pra todos. Eu pago com mesma moeda, Ele toma para si o prejuízo. Eu sou criatura decaída, Ele é Santo. Logo, Ele vivendo EM mim, não mais vivo eu.



Portanto, todas as minhas ações devem refletir aquele que está EM mim. Se Ele estiver EM mim, pecarei menos. Arrepender-me-ei mais. Já não serei um mísero, inútil, sujo, perdido pecador ofertando lixo a Deus. Mas serei um redimido, limpo, justificado vivendo em graça e gratidão como sacrifício vivo ao Senhor. Isso é adoração.



O Senhor procura verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade, mas Ele não procura robôs manipulados e enfeitiçados que só repetem coreografias mortas que nada produzem ao reino e em nada refletem no mundo decaído. Pense nisso quando for levantar suas mãos. É verdadeiro?



Hudson Almeida / Novembro 2009