9 de abril de 2010

Vida em Abundância


Um simples sorriso brilha na face de quem está acostumado a ser feliz. Um gesto de ajuda e compaixão torna-se comum e livre de elogios para os sabedores de que fazer o bem é obrigação pra quem ganhou a vida. Perdoar então, é prática urgente e necessária aos agraciados pelo perdão eterno. Quem vive assim encontrou a vida abundante que Jesus falou. Porque abundância de amor, caridade, perdão e gratidão é ter vida plena. Viver para o próximo é viver em abundância. Isto é o verdadeiro evangelho de Jesus. Pois quem vive, não se ocupa em odiar e em fazer mal. Antes sente-se obrigado, com graça na alma, de amar até os inimigos, de dar a outra face quando for preciso, de olhar para a trave no próprio olho não julgando o outro.
Quem diz conhecer Jesus e não observa estas coisas é como um sino que tine, mas não tem vida em si. Quem quiser viver deve morrer para si. Felizes são os que entendem isto.

Hudson Almeida

7 de abril de 2010

Se fosse o meu microfone no lugar de Boris Casoy?


Tenho um amigo que não gosta dos comentários do Jornalista Boris Casoy. Eu apenas acho que ele cumpre bem o papel que a mídia exige de seus protagonistas. Mas um vazamento de áudio revelou um comentário nada moral e muito menos digno de um jornalista midiático bonzinho para a população. Coitado. A casa caiu. Acredito que os garis continuam varrendo as ruas, magoados, mas tranqüilos. Apenas a mente do nosso jornalista deve inquietar-se com uma falha técnica no jornal da emissora Bandeirantes.

Consegui assistir ao vídeo no you tube (guardião de todas as gafes) e confesso que lamentei pelo amigo Casoy – amigo, pois também estou cursando jornalismo. Tenho pena também do operador de áudio do jornal que, nessa hora, deve estar tentando uma vaga de gari em algum lugar, por estar recém desempregado. Que vergonha!

O que mais me chamou a atenção foram os comentários abaixo do vídeo: “O Boris Casoy é um falso moralista. serpente traiçoeira”, “Velho palhaço, queria ver se você agüentava fazer o trabalho dos garis já que vc tá se achando tanto”, “eu não vejo mais este telejornal a cara deste senhor me da nojo”. E estes textos se repetem em mais de 2400 comentários ao longo da página num vídeo postado com mais de 174.000 acessos. Um bando de hipócritas falando sobre o erro de alguém quando suas bocas proferem o mesmo, só que não em rede nacional.

Entenda, não defendo o jornalista infeliz. Nada, ou quase nada na TV é aproveitável ou serve para aprimorar as atividades mentais do brasileiro (pelo menos nos horários nobres). O que me deixa inquieto, é que as pessoas julgam o cara e o condena. Mas e nós? E se um microfone estivesse ligado por alguns momentos, fazendo-nos sermos ouvidos por cem pessoas, por exemplo. O que seria revelado de nós? Será que nossa máscara não cairia? Será que não falaríamos mais besteira que o Boris Casoy?

O melhor a se fazer é buscar sabedoria com erro do tolo. Ficar quieto, lamentar, e não fazer o mesmo. Lembrar que a qualquer momento nossos microfones podem ser ativados e nos mostrar como realmente somos.

Jesus adverte sobre isso. O pai que está no céu tem um fone potente, que nunca desliga. Ele ouve nossas falas a todo instante. Ele pode nos julgar. Que aprendamos com o Livro a sermos tardios para comentar e prontos a ouvir. Quanto aos “Bori’s” que somos, resta um conselho:

“Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido” – Provérbios 17.28.

O lixo da teo-prosperidade


Entendo se perceber que o leitor não acredita em milagres. Os apelos mentirosos e aproveitadores de alguns neo-pentecostais (ou pós-pentencostais) conseguiram distorcer o sobrenatural divino em banalidades de homens vaidosos. Alguns deles prometem milagres, evidenciam algumas curas, vendem seus peixes e arrecadam muito. Sendo que a maioria dos fiéis volta para as suas casas sem a cura e soluções para os problemas. Os líderes alegam que foi falta de fé, ou que deveriam persistir mais e, em casos finais, que Deus não quis em sua soberana vontade realizar o milagrezinho. Mas o mais importante eles já conseguem quando criam crentes dependentes das suas campanhas malditas, viciados em igreja e doentes de alma. Ontem um desses vendedores de milagres da TV brasileira (sempre rica em conteúdo bosta), propunha aos fiéis que levassem seus celulares pois eles, os poderosos-ungidos-do-senhor, iram ungir os aparelhos para que em 2010 os irmãos tivessem a unção das boas notícias. Eu quase levei meu LG de 200 reais para a macumba-santa-dos-bispos, mas desisti quando, ao tentar fazer uma ligação ouvi a robotinika-da-claro dizer: “Seu aparelho está bloqueado para fazer ligações. Pague suas contas em dia e evite constrangimentos” – percebi que o encosto-da-conta-atrasada iria me perturbar até o início de janeiro, quando a próxima conta com o valor total da dívida e seus juros viria para aliviar meu tormento. Nem um milagre resolveria isso se eu não pagar a conta.

E falando sobre milagre, eu ouvi na igreja que freqüento um pregador falando sobre o capítulo 15 de Mateus a partir do verso 29. O texto narra a segunda multiplicação de pães e peixinhos. Resumindo, o texto diz que a galera que vinha receber o milagre aglomerava-se por três dias formando uma multidão faminta. Jesus estava pronto a mandá-los embora à suas casas. Mas antes realizou o milagre em grande escala. Desses que dá pra anunciar na TV. Imagina o bispo ou o Pastor-defensor-de-Deus anunciando isso na telinha: “Não percam!! Amanhã, no Monte da Beira-Galiléia, o homem de Deus, ungido do Senhor, fará o milagre da multiplicação dos pães. Traga seu pãozinho duro ou mofado, que ele irá fazer um banquete de rei pra você, e não esqueçam da sua oferta!” – Jesus estaria frito se viesse a Terra hoje. Deus sabe de tudo.

No milagre de Jesus, não aconteceu nenhum banquete de rei. Apenas pães e peixinhos, que satisfizeram o povo sem desperdícios e sobras. Na visão (falsa) dos teólogos-da-prosperidade Jesus deveria armar uma mesa celestial naquele monte, cheia de frutas, carnes, bolos, sucos, vinho e muita alegria para a multidão. Todos comendo muito, de tudo, rindo, zoando, engordando como bois e saciando sua gula carnal. Jesus é bem diferente desses riquinhos-mimados-de-deus, que só têm engodo para oferecer aos fiéis, com propostas inúteis e vãs dessa vida decaída e passageira como se fosse um prêmio de Deus a quem vai ao templo-pagão deles. Não há nada de eterno em seus ensinos. Tudo coisa daqui, desse mundo bosta que jaz no maligno e é (des-) organizado pelo Diabo. Vendedores de lixo.

Jesus oferecia coisas eternas, sabia que o povo precisa comer, vestir e beber. Mas nunca ofereceu coisas que mimassem o ego do homem pecador. Sempre apontou para céu. Dizia que o Reino de Deus não é comida nem bebida. Quem é correto ajuntar riquezas no céu e não na terra onde o traça e os bispos consomem. Ele é Deus da eternidade. Preparou coisas inimagináveis ao pensamento humano. Coisas dessa Terra você pode ter não. Se trabalhar honestamente, sendo bom servo como se a Cristo, sabendo economizar e se livrando do consumismo capitalista, você pode conseguir bons tesouros nesta terra. Mas dependendo de Cristo, nunca trocará a graça da fé em Jesus por qualquer cem merréis sujos deste mundo.

E, quer um conselho, meu brother? Fuga desses falsos profetas. Corra de seus ensinamentos vaidosos. Lembre-se que Daniel, Misael, Azarias e Hananias rejeitaram o banquete do rei Nabucodonosor. Alimentados com vegetais ficaram mais fortes e nutridos que os comedores da mesa do rei babilônico. O Senhor lhes deu sabedoria científica, cultural e conhecimento até sobre discernir sonhos. Rejeite a mesa dos Nabucodonosor’es desse tempo. Rejeite suas promoções mentirosas e diabólicas. Rejeite a prosperidade chula e inatingível desses ladrões. Prefira o que Jesus tem pra você. E o que não é eterno, logo passa. Ah se passa!

Hudson Almeida

O Problema com as Mãos Levantadas


Para tratar o tema deste artigo, irei antes, narrar o engraçado equívoco que acabou me levando ao lugar de inspiração para este assunto.



A ida para onde não fomos



Já estava tudo certo. Apesar do leve atraso, saímos de Queimados próximo das 18h. A van nos levaria à igreja aonde iríamos cantar canções do nosso ainda não lançado CD. Havia mais três carros formando a caravana. Felizes, com nossos instrumentos afinados, com as vozes limpas e ensaiadas para harmonizar as canções, seguíamos em direção a Caxias. Na primeira parada para abastecer, alguém decidiu ligar para um membro da outra igreja e confirmar o endereço:

– Irmão, paz-do-Senhor. Só confirmando: o endereço é a rua tal, próximo ao lugar tal, no bairro tal, ok? – disse um ser do nosso comboio.

– Sim, está certinho. No sábado que vem agente aguarda vocês – afirmou o irmão-da-outra-igreja.

– Mas já estamos indo pra indo pra ai! – já pálido, o nosso mediador das comunicações.

– Não querido, hoje não tem culto, o evento que lhe convidamos é na próxima semana! – indagou o crente da outra igreja.

– Sério? E nós já estamos no meio do caminho com quatro carros e um monte de crentes músicos! – Já suava.

– Sinto muito irmão-da-igreja-convidada. Esperamos vocês no próximo sábado, até lá!



Genial. Ficamos parados no posto, ligando para não-sei-quem ao lado do delicioso e caro Milk Shake de Ovomaltine do Bob’s. Minha reação foi rir, e rir muito! Os outros acabaram rindo também. Até o motorista da van riu, afinal, receberia seus duzentos paus para não ir aonde ia. Que legal!



Não havia nada a ser feito. Então lembramos que ali perto tinha uma igreja gospel onde estaria presente um grupo ex-secular-agora-salvo se apresentando, e a entrada era franca. Partimos prá lá. Só um carro voltou para casa. Chegando lá, tentamos um local para sentar, mas estavam todos marcados com bíblias-marcadoras-de-lugar. Fomos para porta da igreja, pois ventilava um pouco mais que no interior do templo. E lá ficamos.



Mãos, prestes a levantarem-se



Tempo vai, tempo vem e então foi dada a largada: Que cantem os anjos! Que dancem as Miriãs! O culto vai começar. Uma irmã, animada, toma o microfone e inicia o interrogatório congregacional:

– Quem ta feliz diz: Glória a Deus!

– Quem veio aqui para adorar, e não para ver o Grupo famoso, bata palmas! – é claro que eu não bati.

– Pergunta pro seu irmão ao seu lado o que ele veio fazer aqui. – Essas e outras perguntas abrilhantavam a abertura do evento. O legal é que no meio das perguntas, agente ouvia o mistério de línguas estranhas turbinadas pela pastora-que-abre-cultos.



Então o levita iniciou a ministração e a chapa começou a esquentar. Sendo sincero: as músicas cantadas eram belas, as letras (menos uma da autoria deles) eram coesas. Mas o lance das mãos já começara a me intrigar.



Mãos pro alto! – isso não foi um assalto.



Já que estávamos na porta, meus amigos e eu tínhamos a visão de todo o palco, além da movimentação no show. E bem a minha frente estava o obreiro-porteiro-recepcionista-staff-organizador do culto. Foi ele.



Na abertura do culto ele ergueu as duas mãos. Elas estavam na altura dos ombros. Os pulso, 43° envergados pra trás. Os dedos caíam pra frente, com exceção do polegar, dando a impressão de atrofia. Pensei: “ele está adorando, ora!” – mas eu não sabia o quanto aquilo era importante pra eles.



O louvor acabou. A igreja sentou. Eu fiquei em pé na porta. Outro irmão recebeu o microfone do levita. Fez uma chorosa oração em que cantou novamente o refrão da ultima canção. O indivíduo a minha frente continua com as mãos pro alto.



Então chamaram o grupo famoso. Eles se apresentaram e saudaram o povo. Tudo normal. Menos o irmão, que ouvia em silêncio o grupo falar, com o olhar fixo no palco e as mãos… adivinhem: Levantadas!



Meu Deus, o irmão não cansa! Depois de algumas três ou quatro canções o grupo famoso desceu do altar e um pastor europeu (alguém me disse que ele era europeu) abriu a bíblia para ministrar uma palavra de encorajamento (para ofertar, é claro). Nisso eu fui lanchar. Comi um salgado sem recheio, um kibe cru e um crepe derretido que caiu do palito. Tudo bem, eles eram só um real cada.



Voltei pra porta da igreja e lá estava ele. Parecia mais um sofrido sendo assaltado. Ele cochichava e ria com outro irmão-porteiro-e-etc, e mesmo durante o rápido diálogo as mãos ficaram estendidas! Comecei a imaginar o irmão no banheiro fazendo pipi com uma das mãos pro alto, ou no trono, relaxado, com as mãos estendidas. Que cena. Ela não abaixava as mãos pra nada.



Então como numa revelação transcendental eu vi. O outro irmão que conversava com ele também estava na posição-da-mão-rendida. Não acreditei. Olhei pros lados, murmurei com uns amigos, e pior: percebi que todos os obreiros estavam com as mãos pro alto.



Eles eram normais, falavam normalmente, conversavam como nós, mas as mãos… as mãos… estavam por alto!



Isso me intrigou muito. Fiquei criando o ambiente onde eles fazem reunião com os obreiros da igreja. O pastor deve falar: “e não esqueçam: adorem! Vocês são os exemplos, mãos pro alto o tempo todo!”. Será? Num sei, mas suspeito.



A adoração ensinada



Pode parecer engraçada a historia, até que é, mas é também preocupante. Tudo isso que narrei aconteceu realmente. Esse é o problema.



Não quero julgar os irmãos da igreja que visitamos. Até porque se eles fossem me julgar eu sairia perdendo. Mas posso comentar os atos que vi ali. Estes, não acontecem numa igreja apenas, mas em todas, pelo menos em alguns momentos.



Isto reflete a distorção do real sentido de adoração que é ensinado em nossas igrejas. “Você tem que adorar assim… Ta na hora de adorar… quero ver vocês adorando!” – coisas ditas regularmente no meio gospel-evangélico. Mas será que existe uma forma (como a que faz bolos) para adorar a Deus? Será que existe um momento exato para adoração? E lugar, existe só um lugar para adorar?



É loucura dizer que só a igreja é lugar de adoração. Eu não vou à igreja para adorar a Deus. Não vou mesmo. Vou à igreja porque eu Adoro a Deus. É bem diferente. Não preciso ficar fazendo gestos mecanizados, parecendo mais um alienado a base de anestésico, para mostrar aos outros que estou adorando.



Eu adoro quanto durmo, quando acordo. Quando tomo banho. Quando vou ao trono (esse mesmo!). Adoro de pé, sentado, deitado. Com mãos pra cima, pra baixo, pro lado… Adoro quando amo, quando perdôo, quando sou humilhado, perseguido, quando clamo na minha fraqueza, quando me arrependo de ter pecado. Adoro quando faço o bem, quando sou tolerante, quando peço desculpas, quando sou grato a alguém, quando ignoro a inimizade e trato bem os inimigos. Adoro nas lágrimas, no riso, na reflexão, na pouca fé, na adversidade, na dúvida, na inconstância, nos desencantos. Adoro em casa, na faculdade, na estrada, no supermercado, shopping, no cinema, na livraria, no estacionamento. Adoro na expressão de uma canção, no silêncio sábio, na audição amiga, na observação na criação, na observação da dura realidade, nas paixões, nos laços amigos. Adoro.



Se a minha vida não chegar até Deus como incenso queimado, a cruz não alcançou minha fé. Se a graça não me permitir assim crer, ela não é graça. Vejo muita gente tentando adorar do jeitinho adorativo. Os carismáticos, os pentecostais, os neo-pentecostais, os ortodoxos, os crentes em geral, os religiosos, os legalistas… todos têm suas fórmulas mágicas, suas macumbas santas, sobre como adorar a Deus. Mas só há uma forma de adorar verdadeiramente.



Se Cristo vive em mim, ele não está comigo, mas está em mim. Entende a diferença de COM para EM? Cristo EM mim faz-me não ser eu mesmo. Eu quero me vingar, Ele quer amar. Eu quero só pra mim, Ele quer pra todos. Eu pago com mesma moeda, Ele toma para si o prejuízo. Eu sou criatura decaída, Ele é Santo. Logo, Ele vivendo EM mim, não mais vivo eu.



Portanto, todas as minhas ações devem refletir aquele que está EM mim. Se Ele estiver EM mim, pecarei menos. Arrepender-me-ei mais. Já não serei um mísero, inútil, sujo, perdido pecador ofertando lixo a Deus. Mas serei um redimido, limpo, justificado vivendo em graça e gratidão como sacrifício vivo ao Senhor. Isso é adoração.



O Senhor procura verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade, mas Ele não procura robôs manipulados e enfeitiçados que só repetem coreografias mortas que nada produzem ao reino e em nada refletem no mundo decaído. Pense nisso quando for levantar suas mãos. É verdadeiro?



Hudson Almeida / Novembro 2009