9 de dezembro de 2010

Ei, você é feliz?

Sabe-se da felicidade na ausência dela. E quem é feliz? Ninguém. Felicidade é estar, não é ser. O que faz a felicidade ser feliz é a intensa insatisfação que a tristeza nos dá. É a tristeza quem nos faz feliz. Pois quando a deixo é que conheço a felicidade. Não sou triste nem feliz. Sou o que momento me der, o que a vida permitir, o que me deixarem ser. Logo, não sou, estou.

Estou aqui, refletindo o vago na profundidade do duvidoso. Mas tudo é certo, menos a certeza. Então você diria: “não devia falar assim da vida!” – e lhe responderia: “é a vida quem diz”. Mas tenho comigo um tanto de felicidade que carrego no bolso pequeno da calça. Uso-a todos os dias. E nunca acaba, apesar de não tão imensa. É a graça de ser grato.

Sim, olhar para tudo e no vazio da necessidade ver o existente. É como colocar preço em relíquias. Ser grato. Pelo pouco, pelo pequeno, pelo básico, pelo viver. E nestes instantes pensantes o divino sopra no ouvido sua criptografia celeste. E tão acostumado já entendo: “Ei, você é feliz!”. Sim, sou!