3 de agosto de 2012
Teologia dos Pés
24 de fevereiro de 2012
A Sinceridade de João e as crianças.
- Vamos continuar a aula de ontem.
- Vovô, vovô, fala sobre Jesus.
- Jesus é a razão de estarmos aqui.
- O Senhor andava muito Ele?
- Todos os dias.
- E Ele andava muito?
- Risos! - E como andava! Onde tinha gente, ele estava lá. Gostava de estar no meio de todos.
- E curava todos os doentes?
- Todos, não havia um sequer que Ele não pudesse curar.
- Até os coxos?
- Até os leprosos!
- Que isso? Ele falava com os leprosos?
- Ele abraçava os leprosos, os samaritanos, os piores pecadores.
- Jesus era bom, né vô João?
- Nem sempre! Na visão de alguns Ele era muito ruim.
- Ele maltratava as pessoas?
- Ele combatia a falsidade, a mentira, a hipocrisia...
- O que é hipocrisia vovô?
- E fingir ser bom. É mascarar a realidade. É tudo que Ele menos gosta.
- Vovô, vovô, Jesus morreu na prisão?
- Não, foi na cruz – outra criança.
- Isso, Ele se entregou na cruz voluntariamente.
- Ele voltou a viver?
- Sim. Está vivo agora, pertinho de nós.
- Só que agora Ele é invisível né?
- Sim, a gente ainda não O vê, mas o veremos como Ele é.
- O que o senhor mais gostava em Jesus vovô?
- Ah, Jesus! Meu Senhor, meu amigo, meu mestre. Eu gostava de aprender. Não havia um momento se quer que Ele não estivesse ensinando.
- Ele era professor também?
- Sim, e que professor! Até em silêncio Ele nos ensinava algo.
- E Jesus gostava de crianças?
- Crianças? Ele amava estar com crianças como vocês. Ele disse que pra entrar no céu
todos nós adultos deveríamos ser como crianças...
- Eu quero ser criança pra sempre Vovô!
- Eu também!
- Eu também!
- Vovô, o senhor viu Ele morrer?
- Vi. Eu estava de frente pra Ele. Ele estava pendurado no madeiro, sem forças até pra falar... Mas a melhor imagem que tenho dEle foi vendo-O glorificado, exaltado nos céus e com poder e glória. Quando eu O vi caí aos seus pés, fiquei sem forças.
- Jesus gostava do senhor vovô?
- Jesus tinha tanto amor pra dar que todos se sentiam amados por Ele. Eu sempre estive bem perto, queria aprender o máximo que podia com Ele. Tinha momentos que eu não resistia e O adorava diante de todos. Quando eu estava muito triste, recostava minha cabeça em seu peito e descansava ao lado do meu Mestre...
- Vovô, o senhor tá chorando?
- Ahh sim, são lembranças muito fortes e boas... sempre me emociono.
- O senhor sente falta de Jesus, vovô?
- Sempre que me sinto só, eu falo com Ele. Falo com Ele todos os dias. E sei que em breve eu O verei novamente. É tudo o que eu mais quero.
- Eu também vovô!
- Eu também!
- Bom, vamos começar a aula de hoje. Vamos falar sobre o amor...
Hudson Almeida, imaginando como seria aprender da boca do apóstolo do amor sobre a vida do Senhor da Vida.
11 de janeiro de 2012
O pregador, o Mendigo e Jesus
numa noite em meu pensamento
Tá o pastor, no ponto de ônibus, aguardando o coletivo para seguir em frente após mais um culto na campanha “7 dias para prosperar”. O religioso sempre pegava o último ônibus rumo à sua modesta casa devido ao fato de ser o último a sair do templo. Propositalmente o fazia. Tinha vergonha de ser visto pelos membros entrando num ônibus.
Sozinho, aguardava a chegada daquele que o levaria até o seu lar (terreno). E ali, num protelar tedioso, vê um mendigo noviço – pois não o vira naquele ponto antes – aproximando-se com sua latinha de moedas atestando ter intenção de conversar.
Mendigo – Olá Pastor.
Pastor – Oi
Mendigo – O senhor é pastor da “Igreja Evangélica Conservadora Neo-Reformulada no Contexto Global”?
Pastor – Não. Sou da “Igreja Evangélica Conservadora Neo-Reformulada do Reino Dispendioso em Vida”.
Mendigo – É que os nomes são parecidos!
Pastor – Mas nós somos diferentes em vários aspectos teológicos de suma importância ao contexto cristão.
Mendigo – Eu sei. Hoje em dia as divergências relativizadas são motivos para o surgimento de novas congregações.
Pastor – Hã?
Mendigo – O que?
Pastor – Você já foi crente?
Mendigo – Eu sou.
Pastor – Mas assim, mendigando?
Mendigo – Eu posso ser Jesus, disfarçado de mendigo, testando sua caridade.
Pastor – Meu filho, eu não tenho nada pra te ofertar. Infelizmente meu dinheiro está no banco e só tenho o Rio-Card aqui.
Mendigo – Mas eu não entendo Pastor.
Pastor – O que?
Mendigo – Hoje no culto, o senhor falava da campanha “7 dias para prosperar” e desafiava os ouvintes a crerem que iram ficar prósperos em todas as áreas de sua vida.
Pastor – Sim, e?
Mendigo – Bem, é que o senhor não me parece do tipo próspero. O senhor utiliza ônibus, tem rio-card, não tem uma pratinha pra abençoar o pobre mendigo...
Pastor – Pois saiba que você também não me parece ser mendigo.
Mendigo – Por quê?
Pastor – Bem, seu português é bem mais correto que o da média brasileira, sua argumentação é peculiar a oradores experientes e seu conhecimento de causa é bem mais amplo que o de um mero observador de rua.
Mendigo – Mas eu sou mendigo sim. Não tenho onde morar, o que vestir ou o que comer. Vivo das esmolas que ganho durante o dia.
Pastor – Mas eu também sou próspero sim! Tenho uma linda família, um bom emprego, paz no coração e uma mente guiada pelo espírito.
Mendigo – Ah, mas eu estou falando da outra prosperidade, reverendo.
Pastor – Só conheço uma.
Mendigo – Não foi isso o que o senhor disse no sermão hoje.
Pastor – Anda assistindo os meus sermões?
Mendigo – Sentado na calçada o reverb me alcança.
Pastor – Olha você só pode estar me testando mesmo.
Mendigo – Eu lhe disse.
Pastor – Toma aqui um trocado, e tenha uma boa noite.
O mendigo pega sua esmola, dá alguns passos e pára virando-se para o pastor.
Mendigo – Pastor, não se preocupe, eu não sou Jesus.
Pastor – Por via das dúvidas, não é bom arriscar. Não me surpreenderia se fosse.
Mendigo – Pois eu sim. Sempre ouço dizer que vocês são os representantes de Jesus aqui na Terra. Mas hoje eu comprovei que isto não é bem assim.
Pastor – Está insinuando que eu não tenho Jesus?
Mendigo – Não é isso. Só acho quem parece com Jesus deveria pregar o que vive e viver a realidade do que prega.
Pastor – O seu problema é por eu não ter um carro do ano, uma mansão ou muito dinheiro no bolso né?
Mendigo – Não, não. É que há nove dias eu venho assistindo a campanha de 7 dias para prosperar e nada mudou em minha vida.
Pastor – Mas meu filho eu...
Mendigo – E nem na sua pastor. Boa noite.
Sai o mendigo. Chega o ônibus e o pastor, perplexo, sobe no coletivo e senta no banco da frente, pensando em sua vida, suas mensagens e se o mendigo realmente era ou não o próprio Jesus.